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A FESTA DE BABETTE

Rubem Alves Um dos meus prazeres é passear pela feira. Vou para comprar. Olhos compradores são olhos caçadores: vão em busca de caça, coisas específicas para o almoço e a janta. Procuram. O que deve ser comprado está na listinha. Olhos caçadores não param sobre o que não está escrito nela. Mas não vou só para comprar. Alterno o olhar caçador com o olhar vagabundo. O olhar vagabundo não procura nada. Ele vai passeando sobre as coisas. O olhar vagabundo tem prazer nas coisas que não vão ser compradas e não vão ser comidas. O olhar caçador está a serviço da boca. Olham para a boca comer. Mas o olhar vagabundo, é ele que come. A gente fala: comer com os olhos. É verdade. Os olhos vagabundos são aqueles que comem o que vêem. E sentem prazer. A Adélia diz que Deus a castiga de vez em quando, tirando-lhe a poesia. Ela explica dizendo que fica sem poesia quando seus olhos, olhando para uma pedra, vêem uma pedra. Na feira é possível ir com olhos poéticos e com olhos não poéticos. Os olhos não

[Quando vier a primavera,], Alberto Caeiro - Pedro Lamares

POEMA À MODA DE CARTA

Oi!!! Eu estava a pensar (e continuo a fazê-lo) Nunca, de fato, expliquei sobre o que quero dizer quando falo “nós ainda chegaremos ao final do Arco-Íris”. Eu quero falar sobre isto agora. Quero mostrar a você o que penso sobre o Arco-Íris e sua representação. Imagine um Arco-Íris à distância, após uma tarde de chuva branda. Um Arco-Íris sempre surge em momentos assim, já percebeu? É lindo de ver. Mais lindo é nos imaginar caminhando em sua direção, buscando a sua extremidade mais distante. Esta caminhada na direção da sua extremidade somos nós no esforço incontido de sermos felizes, amar, termos prazer em nós e no que fazemos. Esta etapa constitui-se num esforço amoroso que chamo de investimento (não promessa) para chegarmos a um propósito maior que é a própria felicidade pleiteada por nós. Como ser felizes da forma sonhada se ainda estamos apegados, plantados ao solo do medo, das paixões materiais, da desconfiança? O final do Arco-Íris lá está à nossa es

NEM BEM COMEÇOU...

Nem bem começou Não foi , Não foi ! Nem ... Já virou um... . Perillo José Nova Xavantina-MT Em algum dia e mês de 2021

OLHOS DE ÍSIS

Ísis, a zelosa A que cura A que remonta o que fora desmontado A bondosa A amorosa A esposa de Osíris A mãe de Hórus. Ísis de olhos placentes Te olhamos também Com olhos que clamam Olhai por nós, Homens sem fé Sem caminhos às vezes Sem esperanças, outras. Dirige-nos no caminho do bem, No caminho do amor Da fraternidade E da paz. Cá estamos nós À tua espera Para seguirmos s tua jornada Complacente. Paz!

NUMA NOITE... UM DIA

Uma noite sempre começa com um plano Dormir Dormir bem Ter sonhos de paz, De amor. Mas aquele sonho... ...aquele sonho foi a obra Acabada de um artista dos sonhos. Olhando o céu Passos na relva O verde das folhas O amarelo das flores Uma árvore frondosa Uma sombra Olá! Olá! Seus olhos brilhavam Ela, linda numa manhã de sol Num ambiente de paz... ... e eu... As mãos se encontram Dedos que se entrelaçam Você... Não diga nada. Apenas fica aqui. O tempo dirá mais que as palavras Os gestos Os olhos Também dirão muito. Os corpos, calmamente, se juntam Aves Insetos O vento As árvores Tudo silencia Só os corações pulsam fortes Dos lábios, que quebram o silêncio, Jorram sussurros Os ouvidos atentos captam sons Narinas arfantes, captam odores Que denunciam desejos libertos E tudo vem numa calma Grande Trazem a força dos hormônios As mãos se apertam mais Os corpos se u

TEMPO DIFÍCIL

Tempo difícil Alma em frangalhos Não pela ameaça de doença Mas pela inércia Pelas incompreensões Pelas intolerâncias pelo não ouvir Pelo não ser ouvido Pelas palavras (mal)ditas A mente e o corpo Querem e podem agir Mas existe todo um aparato Que diz “não, você não pode” Por causa dos seus rins Por causa da sua pressão Por causa da sua quase diabetes Por causa do seu coração Por causa dos seus olhos Por causa da sua mente Tempo difícil Em que falo o indevido Mas ouço o incerto Oh, Deus! Olhai-me agora. Perillo José Nova Xavantina-MT 04/04/2020