Pular para o conteúdo principal

ROTINA




Mais uma manhã a caminho do trabalho.

Na minha rua

Cães

Bêbados

Uma mulher varre a rua


Na descida

Um gato atravessa a rua

Um pedreiro empurra a bicicleta

Um homem faz “Cooper”

Sobre a passarela

Um indiozinho e seus fones de ouvidos

O que ouvirá?

Mochila

Escola

Dois rapazes caminham de mãos dadas

A senhora idosa balbucia

“Pouca vergonha” e segue de cabeça baixa


Na subida

A moça me olha mas não me vê

Me apalpo, cheio das crendices

O senhor desce, lento

Dois cães e a dona passam por mim

Alguém me chama

Olho e aceno

A cidade acorda

Aos poucos.

Estudantes apertam o passo

E comem mangas

E andam apressados.

Estranho um deles

De blusa com capuz

Transpiro por ele.

A moça passa,

Pisca e joga beijo.

É a vida que amanheceu


E eu com ela.



Perillo José Sabino Nunes.
Nova Xavantina-MT., 22 de dezembro 2017.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A CONCHA

Olhando   a imagem de uma concha tão bela, Me vem à mente um texto de Rubem Alves. Mas por quê isto? A gente nem imagina porquê tanta beleza. A gente nem imagina que por trás de tanta beleza Haja uma história. Imagina: A origem da pérola, tão bela, Está na dor causada pela invasão de território Tão seu – e só seu! A pérola, bela surge do sofrimento-dor da ostra. Ela se defende como pode E desse sofrimento surge a pérola, tão bela. Não que a beleza sempre deva surgir do sofrimento – penso. Mas, muitas vezes, o sofrimento é premiado. A dor da ostra não está na mentira. Ela não tenta ser feliz através do sofrimento alheio. Quer apenas ser feliz, do seu modo.  Paciente. Esperando. Vivendo. E amando. Há quem diga que a felicidade não é coisa deste mundo. Só é feliz quem já o foi alguma vez na vida – nesta ou n’outra. Se alguém busca ansiosamente pela felicidade, É porque já foi feliz em outro momento. Meu co

Análise de "a máquina de fazer espanhóis", de valter hugo mãe, por Yanna Duarte

  O que senti quando li “A máquina de fazer espanhóis”, do escritor  português Valter Hugo Mãe yanna duarte É impossível ler sem pensar em nossa própria velhice e o que nos aguarda com ela. O romance de Valter Hugo Mãe se tornou um grande presente que adquiri. Mais atual e  a utêntico impossível, conta a história de um barbeiro que aos 84 anos, com a morte de sua amada esposa — uma das poucas pessoas a quem nutria um amor genuíno e devoção — vai morar em um lar para idosos. O “Feliz Idade”, que conta com 73 moradores com vistas diferentes. Os que moravam na ala esquerda — sobreviviam com a ajuda de aparelhos e já não respondiam a si mesmos — , passavam seus dias com a lembrança presente da morte personificada na visão de um cemitério, à qual tinham acesso de suas janelas. Os da ala direita — não tão maus quanto os primeiros, pois ainda possuíam algumas vontades, mas não menos perseguidos pela morte — tinham acesso à visão de um jardim. Por falar na forte presença da morte, tão certa co

DEUS DE PACIÊNCIA E AMOR

Dá-nos a vida que merecemos, dizemos nós. Dá-nos forças para o nosso fardo, pensamos nós. Coloca em nossas mentes a Tua mente. São estes os pensamentos emitidos. Erguido o corpo para a lida diária, A vida que merecemos e pedida é esquecida E lutamos pela vida que queremos, diferente da primeira. Erguido o corpo para o trabalho, Jogamos longe o fardo que é nosso E nos apropriamos de outro mais leve, Possível de conduzir por ombros estreitos. Erguido o corpo, limpas as mãos de todas as manchas, Nossas mentes se afastam da mente solicitada... Já não a queremos, pois o mundo é prático demais. Melhor ser prático também e esquecer os acordos feitos. Orações... orações... orações... Mas temos pressa E o tempo de Deus é lento. Então caminhamos no nosso ritmo E amanhã, joelhos ao chão, Mãos postas, Olhar contrito, Voz “embargada” Novos pedidos.                                                                         Perillo José S