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SAUDADE

 

SAUDADE



Chega um tempo em que se vive de saudade.

Meu tempo chegou!

Me alimento dela.

Respiro e absorvo ela...

Por todos os poros.

Minha gente chega, cada um do seu jeito.

Um filho diz que é pouco tempo

Para matar a saudade...

Eu penso:

Por que matar a saudade? Por quê?

A minha eu quero bem viva dentro de mim.

É ela que me traz de volta

Tantas coisas vividas...

Tantas coisas más,

Mas também, tantas coisas boas.

Saudade é esta lembrança que não fica só na cabeça.

Ela se espalha por todo o corpo da gente,

Mas se instala exatamente dentro do coração,

Espalhando-se ainda, através dos movimentos

Do coração – vai-vem-vai-vem...

Enchendo-esvaziando, enchendo-esvaziando...

Saudade,

Coisa mais boa, que faz morada dentro da gente:

Fica aí, bem boazinha,

Abrindo e fechando meus arquivos,

Trazendo e levando pessoas e coisas

Que fizeram parte da minha vida...

Cheguemos uns aos outros e anos alegremos sempre.

Ao partir, levemos a certeza

De sermos amados,

Eternamente.

A minha saudade?

Quero-a viva,

Sempre!

Perillo José Sabino Nunes, 20 de dezembro de 2008.

Nova Xavantina.

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